Nessa Terra Brasilis, batemos no peito para dizer que somos o povo que arruma uma maneira de resolver todo e qualquer problema. É o mundialmente reconhecido e estudado 'jeitinho brasileiro'. Pois foi justamente ele que veio à nossa cabeça quando começamos a sentir o cheiro suspeito que se mesclou ao aroma da chuva que caiu no segundo dia de SWU.
Ele mesmo, o maconha queimando. Ou, para sermos mais claros, o cheiro dos cigarros de maconha. Dentre os fumantes que encontramos (que tiveram seus nomes alterados), a técnica de esconder a erva ou o cigarro pronto dentro da cueca é quase unânime para passar incólume pela segurança. "A revista é bem fraca, mas mesmo se fosse mais intensa, o baseado é tão pequeno que é difícil de achar", explicou Diego, de 22 anos.
No meio do povão, durante os shows, um grupo de quatro amigos paulistas foi abordado por um segurança. "Ele tirou o baseado da minha mão. Mas aí a gente veio para o outro lado da pista e estamos usando o resto que trouxemos". Trouxeram adivinha onde? Na cueca, claro.
Impressionante é a história de quatro mineiros do acampamento. Os rapazes vieram de Belo Horizonte de carro e aumentaram a rota até Paulínia em 100 km para conseguirem comprar a droga que gostam. "Aqui no Brasil vendem muita maconha prensada. A gente não curte. Mas, em São Paulo, é mais comum a venda de haxixe e maconha in natura, por isso pedimos para um primo meu paulista comprar. Já compramos uma quantidade que usaremos até o réveillon", planejou Paulo. A compra foi escondida no painel do carro junto com as garrafas de bebida que trouxeram. O atraso de 4 horas para 'fazer o check in' no camping (culpa do desvio na rota para pegar a maconha), os impediu de parar o carro no estacionamento oficial do festival, mas isso não foi problema. Diariamente, eles marcham por cerca de 2 km para pegar a dose diária de erva.
Até a manhã desse domingo, o único problema dos usuários acampados era a equipe de segurança do camping, que, ao sentir o odor da fumaça, entrava nas barracas para revistar e recolher o material. Mas uma, digamos, reunião com os seguranças mudou isso. "O pessoal fez uma roda em volta deles e disse: 'olha, a gente vai fumar aqui dentro sim e vocês não vão mais tirar a nossa erva'. E agora está tudo legalizado lá no camping", contou Fernando, que pediu várias vezes para que a reprodução da aventura do grupo fosse reproduzida fielmente nesse texto. "A gente não está fazendo mal a ninguém", salientou.
Procurada, a organização do SWU alegou que faz a revista de praxe, que ocorre em qualquer festival. Caco Lopes, um dos organizadores do evento, afirma que utilizar drogas ilícitas dentro do SWU é terminantemente proibido, como em qualquer outro lugar no Brasil, sem dissonância com a Lei Federal. "Aqui há policiais, segurança particular e delegacia para reprimir o uso de drogas", afirmou com veemência.
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