John faz o cultivo no porão de casa e colhe 3,6 quilos a cada dois ou três meses, o que rende cerca de US$ 20 mil. Mesmo se não tivesse outro trabalho, John teria um salário de cerca de US$ 80 mil ao ano apenas com a maconha. Segundo o inspetor Brian Cantera, da Polícia Real Montada Canadense (RCMP, na sigla em inglês), a plantação de John é apenas uma de cerca de 20 mil encontradas em residências ao redor da província.
Esse número exclui plantações maiores localizadas em distritos industriais e as grandes fazendas de cannabis no interior de British Columbia.
Se as estimativas de Cantera estiverem corretas, a região de British Columbia tem possivelmente a maior concentração de unidades criminais organizadas do mundo.
Classe média
Um dos aspectos mais interessantes do negócio da maconha em British Columbia é que já ultrapassou as fronteiras de grupos criminosos organizados - apesar de alguns ainda estarem envolvidos - e chegou à classe média.
Muito da renda gerada pelo "BC Bud" - algo como broto de British Columbia, como a planta cultivada no local é conhecida - é usado no pagamento de mensalidades escolares, na compra do segundo carro ou para as férias no Caribe.
No local onde a polícia mantém as mercadorias confiscadas de pessoas envolvidas no negócio de maconha estão carros, lanchas e até mesmo helicópteros que os traficantes usam para mandar a droga para o seu maior mercado: os Estados Unidos.
O cultivo da droga em British Columbia Britânica é polêmico tanto no Canadá como nos Estados Unidos.
Muitos canadenses afirmam que o uso generalizado da maconha está tendo um efeito devastador especialmente nos jovens.
Billy Weselowski e sua mulher, Kim, trabalham com mulheres vulneráveis que tentam se livrar do vício e recomeçar suas vidas. O casal também faz campanha contra os que defendem a legalização da maconha.
"Trabalhei com pelo menos 20 mil viciados e, facilmente, 10 mil vão dizer que recaíram com a maconha", diz Weselowski. "É como o álcool: alimenta uma indústria."
Uso medicinal
O cultivo de maconha tem também muitos simpatizantes. Michelle Rainey tem o direito legal de cultivar uma pequena quantidade da droga para uso medicinal.
A maconha é a única droga que alivia a dor que ela sente por causa da doença de Crohn, um problema inflamatório crônico do trato gastrointestinal.
Rainey é acusada nos Estados Unidos de conspiração e lavagem de dinheiro por causa de um negócio legal de semente de cannabis com o qual esteve envolvida.
Na última década, o Canadá tem se movido vagarosamente para um regime mais tolerante em relação à maconha, apesar de o atual governo de Stephen Harper se opor a essa tendência.
Com isso, o assunto tem gerado debates intensos entre Canadá e Estados Unidos, que têm o Office of National Drug Control Policy (Escritório de Política Nacional de Controle de Drogas) como um guardião da política ortodoxa americana contra as drogas.
Se o negócio de maconha conseguir influenciar uma mudança do status legal da droga no Canadá, as implicações para as relações entre o país e o vizinho podem ser profundas.
* Misha Glenny é a autora do livro "McMafia: Crime without frontiers" ("McMáfia: Crime sem fronteiras) e produziu uma série especial de programas de rádio, chamada "How Crime Took on the World", para a BBC na Grã-Bretanha.
domingo, 24 de julho de 2011
Cultivo doméstico de maconha cresce rápido em província canadense
14:13
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