quinta-feira, 14 de julho de 2011

Ensaio de Carl Sagan sobre a Cannabis


Carl Sagan faleceu aos 62 anos de idade mas é até hoje um dos mais respeitados astrônomos não só por seu mais famoso livro "Cosmos" (que mais tarde transformou-se em uma série televisiva) mas também por sua incontestável contribuição sociológica para com a sociedade. A seguir, seu ensaio a respeito da Santa Erva:















Esse ensaio foi escrito em 1969 e foi publicado em 1971 no livro “Marihuana Reconsidered” (Lester Grinspoon). Sagan tinha 35 anos na época e desde então, continuou a fazer uso da Cannabis pelo resto de sua vida.
“ No começo estava relutante quanto ao uso, mas a aparente euforia que a Cannabis proporciona e o fato de não haver dependência fisiológica da planta, me persuadiram a tentar. Eu fumei ocasionalmente e aprovei completamente. Amplificou sensações antes inativas e produziu efeitos que considero ainda mais interessantes:
A experiência com a Cannabis aguçou minha apreciação pela arte, assunto pelo qual nunca tinha tido muito interesse. Um apreço muito similar pela música também me foi concedido. Pela primeira vez fui capaz de escutar os diferentes fragmentos pelos quais uma harmonia de três partes é formada, além da riqueza do contraponto.
Comer tornou-se um prazer ainda maior; sabores e aromas que por alguma razão nós parecemos estar ocupados demais para notar tornaram-se evidentes. A Cannabis também aumentou o apreço pelo sexo.
Em geral não me considero uma pessoa religiosa, mas há um aspecto religioso em algumas viagens. O aumento da sensibilidade em todas as áreas me proporcionou um sentimento de comunhão com tudo o que me rodeia, sendo seres inanimados ou não.
Quando estou chapado me vejo capaz de penetrar no passado, recordar memórias de infância: amigos, parentes, brinquedos, ruas, cheiros, sons e cheiros de uma área antes esquecida. Posso reconstruir eventos de minha infância que na época não foram inteiramente compreendidos.
Descobri que sob o efeito da erva, a maioria de minhas percepções estão relacionadas a assuntos sócias que por sua vez se diferenciam dos assuntos com os quais trabalho no geral [...] Estou convencido de que existem níveis de percepção genuinamente ativados pela Cannabis (e provavelmente por outras drogas) que estão relacionados aos problemas de nossa sociedade e sistema educacional e não podem ser identificados sem tais drogas.
Se você está chapado e seu filho está te ligando, você pode atendê-lo assim como o atende normalmente. Eu não costumo dirigir sob os efeitos da Cannabis mas posso assegurar, por experiências pessoais, que sem dúvida nenhuma isso pode ser feito.
Minhas viagens são sempre reflexivas, pacíficas, intelectuais, emocionantes e sociáveis; ao contrário da maioria dos efeitos causados pelo álcool. Além do fato de que nunca há ressaca.
A proibição da Cannabis é revoltante, um impedimento da utilização completa de uma droga que ajuda a produzir a serenidade e a percepção, a sensibilidade e o companheirismo tão desesperadamente necessários neste mundo cada vez mais louco e perigoso."
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Texto original:http://migre.me/5guuc

Um comentário:

  1. Compartilho da mesma paixão que Sagan, tanto em ciências e artes quanto em Cannabis. É bom saber que uma das mentes mais brilhantes e influentes da Terra apreciava nossa querida erva.

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